É tempo de partir

Já lá vão mais de quinze anos neste percurso académico, desde que iniciei a escola quando tinha a tenra idade de seis anos. Desde os meus primeiros anos escolares que senti uma conexão peculiar com a Escrita Criativa, com a escrita de pequenas histórias, cartas e até nos meus viajantes pensamentos, que saltitavam entre o aqui e o acolá, sempre ansiando por redigir uma narrativa. Essa é e sempre foi a minha realidade. E, no entanto, eu ignorei-a, mesmo depois de ter iniciado a escrita de livros um pouco mais tarde. Quando chegou a altura de decidir o curso superior, escolhi Psicologia, porque é uma área que me fascina, porque a mente tem uma minúcia, quer estrutural, quer funcional, que me deixa absolutamente rendida pelo quão admirável ela é. E, no entanto, mal sabia eu, com apenas (e sublinho o apenas, pois desconhecia  tantas coisas com essa idade!) dezoito anos, que talvez estivesse a cometer um erro crasso. É claro que, agora que olho para trás, não me arrependo, pois a minha aprendizagem e as pessoas que conheci durante este árduo caminho mudaram a forma como actualmente olho para o mundo. E isso é óptimo. Todavia, devia ter sabido, logo de início, que a Escrita é o meu caminho, é o modo de vida mais deslumbrante que consigo conceber. Por isso, é tempo de partir, é tempo de me dedicar de alma e coração a este modo de vida que, embora arriscado, simboliza a minha realização pessoal.

Se esta decisão deixar aqueles que me rodeiam tristes, eu apenas lhes direi que quero ser Feliz, e que a Psicologia nunca conseguiu desenhar o sorriso que tenho no rosto como a Escrita tanta vez o consegue sem dificuldade.

Elisabete Martins de Oliveira
24.03.2018